Devaneio

Lutei toda a minha vida contra a tendência ao devaneio, sempre sem jamais deixar que ele me levasse até as últimas águas. Mas o esforço de nadar contra a doce corrente tira parte de minha força vital. E, se lutando contra o devaneio, ganho no domínio da ação, perco interiormente uma coisa muito suave de ser e que nada substitui. Mas um dia hei de ir, sem me importar para onde o ir me levará.

(Clarisse Lispector, "Aprendendo a viver", 2004)

Fluir

Bom é ver, sentir fluir, sem insistir
Bom saber-se amado, interessante, admirado
Bom é o natural
Não sendo assim: engasga.

O inimigo

O inimigo (diabo) nos quer cativos, nos conta mentiras sobre nosso valor, sobre o valor que temos para Deus.

Enganados, com os olhos vendados, nos sentimos desamparados, solitários, tristes, sem perspectivas de dias melhores.

Deixamo-nos contaminar por tudo o que o inimigo nos apresenta, e com isso abrimos mão das bênçãos que o Pai tem para nossa vida.

Enquanto cativos de outros e de nossos medos, enquanto não agimos a nosso favor e não nos valorizarmos como seres criados por um Pai que tem um propósito maravilhoso para nossas vidas; viveremos de migalhas semeadas por um ser inferior.

Fomos feitos para viver em hora e gloria, não menos que isso.

Pérolas aos porcos

..."Não deis aos cães as coisas santas, nem deiteis aos porcos as vossas pérolas, para que não suceda de que eles as pisem com os pés e que, voltando-se contra vós, vos dilacerem." — Bíblia - Mateus 7:6

Fim

Pouco cuidado
Pouco interesse
Nenhuma cumplicidade
Nenhum atalho

Ela viu o amor passar
- repousou em outra

Ele a conduziu
Sem que ela percebesse
Ela chegou
só, no fim

Nit

"Seja, porém, honra vossa amar sempre mais do que fordes amadas e, nunca serdes a segunda."

“Odeio-te mais do que tudo porque atrais sem ser forte bastante para sujeitar”.

"Ai! Existem demasiadas profundidades para todos os solitários.
Por isso aspiram a um amigo e à sua altura."

"A nossa fé nos outros revela aquilo que desejaríamos crer em nós mesmos"

Nit

Luz

Um fio de luz do poente entrou na minha mente, 

onde as sombras do que sou estão mescladas com as sombras do que não sou.

A luz iluminou meu desejo: 

encontrar o pátrio poder do amor: ser 

JL

Um corpo também pode ser santo

desde que não descubram seus encantos

não lhe ensinem a suportar sua sina

a aprender a gozar em silêncio

a calar seus próprios tormentos

a vagar sem sair do lugar

a amar a quem o violar

e consagrá-lo profano.

JackL

Um corpo também pode ser santo

desde que não descubram seus encantos

não lhe ensinem a suportar sua sina

a aprender a gozar em silêncio

a calar seus próprios tormentos

a vagar sem sair do lugar

a amar a quem o violar

e consagrá-lo profano.

Tempo

Só por mais um tempo

Só pelo que ainda há

Só por estes instantes

Só para esperar o momento

Peço-te que venhas aqui

Olhe a cor dos meus olhos

Se há brilho ou lágrima

De que importa se tu olhas

Penso em deixar-te ir

Penso em abandonar-te aqui

Penso viver sem ti

Só de pensar dói

Só de querer vivo

Só por isso resisto

Quitéria di Genaro

Poemas

Distinção,
Outorgado uma distinção
Que tem um sei lá o quê
O quê de cômica
Seria apenas pretensão
..
Tosca idéia de ser diferente
Disfarce apenas ou proteção
Ser distinta pode ser bom
Certeiro, um peso ou um erro
..
De que vale a distinção
A sentença vem cedo ou tarde
Maluquice premeditada
Vão rir da minha risada

De Quiteria di Genaro JL

E nada mudou...

"Estou com tudo a flutuar no rio esperando a resposta ao que chamo de amor."

Canções

Pus meu sonho num navio
e o navio em cima do mar;
- depois, abri o mar com as mãos,
para meu sonho naufragar.

Minhas mãos ainda estão molhadas
do azul das ondas entreabertas,
e a cor que escorre de meus dedos
colore as areias desertas.

O vento vem vindo de longe,
a noite se curva de frio;
debaixo da água vai morrendo
meu sonho, dentro de um navio...

Chorarei quanto for preciso,
para fazer com que o mar cresça,
e meu navio chegue ao fundo
e meu sonho desapareça.

Depois, tudo estará perfeito;
praia lisa, águas coordenadas,
meus olhos secos como pedras
e minhas duas mãos quebradas.

Cecília Meirelles 

Eu escrevo cartas

Nem sei porque as escrevo

De tão infundadas chegam a ser infames

Ora trazem esperanças

Ora trazem incertezas

Até mesmo elas, riem de mim

por me saberem tola

por escrevê-las com tal conteúdo

Agora o que faço com essas cartas?

Ah sim, barquinhos!

Colocá-los-ei sobre as águas de um rio

Onde seguirão seu curso junto à correnteza

De breve somente as horas

Nem o tempo triste

Nem as cartas que te escrevo.

JackLigeiro