quarta-feira, 29 de julho de 2009

Perca um Livro

CADASTREM OS LIVROS ANTES DE LIBERTÁ-LOS!
Site: http://www.livr.us/

'Perca um Livro' é uma iniciativa que pretende trazer para o Brasil uma prática internacional de incentivo à leitura. A idéia é "perder" um livro em lugar público para ser achado e lido por outras pessoas que, então, farão o mesmo. O objetivo é fazer do mundo inteiro uma livraria.

A prática consiste em três passos simples:

1. Leia um bom livro;
2. Cadastre o livro e escreva seus comentários para pegar seu código único e a etiqueta correspondente ao livro;
3."Perca" o livro em um lugar público.

De posse do código o leitor poderá rastrear pelo tempo que quiser os caminhos percorridos pelo livro.

terça-feira, 28 de julho de 2009

Voltas

Quem disse que o mundo da voltas?
Quem da volta somos nós: esse mundo é sem volta!

QdGenaro

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Jardim Interior

Jardim Interior Mario Quintana

Todos os jardins deviam ser fechados,
com altos muro de um cinza muito pálido,
onde uma fonte
pudesse cantar
sozinha
entre o vermelho dos cravos.
O que mata o jardim não é mesmo
alguma ausência
nem o abandono…
O que mata o jardim é esse olhar vazio
de quem por eles passa indiferente

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Só de Sacanagem by Elisa Lucinda

Meu coração está aos pulos!

Quantas vezes minha esperança será posta à prova?

Por quantas provas terá ela que passar? Tudo isso que está aí no ar, malas, cuecas que voam entupidas de dinheiro, do meu, do nosso dinheiro que reservamos duramente para educar os meninos mais pobres que nós, para cuidar gratuitamente da saúde deles e dos seus pais, esse dinheiro viaja na bagagem da impunidade e eu não posso mais.

Quantas vezes, meu amigo, meu rapaz, minha confiança vai ser posta à prova?

Quantas vezes minha esperança vai esperar no cais?

É certo que tempos difíceis existem para aperfeiçoar o aprendiz, mas não é certo que a mentira dos maus brasileiros venha quebrar no nosso nariz.

Meu coração está no escuro, a luz é simples, regada ao conselho simples de meu pai, minha mãe, minha avó e os justos que os precederam: "Não roubarás", "Devolva o lápis do coleguinha", "Esse apontador não é seu, minha filha". Ao invés disso, tanta coisa nojenta e torpe tenho tido que escutar.

Até habeas corpus preventivo, coisa da qual nunca tinha visto falar e sobre a qual minha pobre lógica ainda insiste: esse é o tipo de benefício que só ao culpado interessará. Pois bem, se mexeram comigo, com a velha e fiel fé do meu povo sofrido, então agora eu vou sacanear: mais honesta ainda vou ficar.

Só de sacanagem! Dirão: "Deixa de ser boba, desde Cabral que aqui todo mundo rouba" e vou dizer: "Não importa, será esse o meu carnaval, vou confiar mais e outra vez. Eu, meu irmão, meu filho e meus amigos, vamos pagar limpo a quem a gente deve e receber limpo do nosso freguês. Com o tempo a gente consegue ser livre, ético e o escambau."

Dirão: "É inútil, todo o mundo aqui é corrupto, desde o primeiro homem que veio de Portugal". Eu direi: Não admito, minha esperança é imortal. Eu repito, ouviram? Imortal! Sei que não dá para mudar o começo mas, se a gente quiser, vai dar para mudar o final!

(texto lido por Ana Carolina em seu show)

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Canções


Pus meu sonho num navio
e o navio em cima do mar;
- depois, abri o mar com as mãos,
para meu sonho naufragar.

Minhas mãos ainda estão molhadas
do azul das ondas entreabertas,
e a cor que escorre de meus dedos
colore as areias desertas.

O vento vem vindo de longe,
a noite se curva de frio;
debaixo da água vai morrendo
meu sonho, dentro de um navio...

Chorarei quanto for preciso,
para fazer com que o mar cresça,
e meu navio chegue ao fundo
e meu sonho desapareça.

Depois, tudo estará perfeito;
praia lisa, águas coordenadas,
meus olhos secos como pedras
e minhas duas mãos quebradas.

Cecília Meirelles

Tempo

Só por mais um tempo

Só pelo que ainda há

Só por estes instantes

Só para esperar o momento


Peço-te que venhas aqui

Olhe a cor dos meus olhos

Se há brilho ou lágrima

De que importa se tu olhas


Penso em deixar-te ir

Penso em abandonar-te aqui

Penso viver sem ti


Só de pensar dói

Só por ti querer, vivo

Só por isso resisto


Quitéria di Genaro

sábado, 18 de julho de 2009

Texto por encomenda

A nova namorada di Genaro
Ela irá aparecer de onde você nem imagina e lhe encantará no primeiro momento e você não irá vacilar, mudará o roteiro, a história e buscará extrair do novo frasco a mais nova e pura essência.
Sua busca não é finita e sua sorte é infinita.
Submersa na desesperança, ou escondida no fim do mundo por detrás das nuvens. Lá está ela.
Quando sobre ela você lançar seu ofuscante olhar ela emergirá do mais profundo sono com os mais intensos sonhos.
Por detrás de suas lentes a verá num franco fechado e com uma única aspiração sorverá sua sutil fragrância. Seu fôlego irá renovar e ela desejará está aonde você a levar.
Na lua, na rua, na esquina ou navegando no mais distante oceano. Ganhará sua confiança.

Cantará canções para embalar o sono, ela irá adormecer com novos e cada vez mais ricos sonhos.
O som de sua voz será ocultado pelas palavras doces gravadas como brilhantes cravados no papel sem textura.
Com seus dedos irá colorir os contornos do rosto descoberto.
Com arte irá encantá-la. Ela se sentirá nascida de uma aquarela, a mais perfeita obra prima.
Receberá o mais belo sorriso por enxugar todas as lagrimas de tristezas e marcas do passado.
Sua nova namorada fará de você o astro rei, o anjo, o seu senhor e tão procurado amor.
Entregue por inteiro, ela será agradecida. Não mais seu vício, você agora é o vício dela e você irá abandoná-la.
Não há mais entorpecente encanto. Claro que aos poucos, aos poucos a trará a realidade. Irá provocar o choro, a busca, a solidão e a fará cair no esquecimento. Ela se sentirá no abandono e ressentida voltará ao antigo frasco.
Quando ela, sua nova já antiga namorada, ainda estiver olhando para o mar, sentindo a frieza da brisa batendo no seu rosto, o vento sul enxugando suas lagrimas e ainda procurando resposta nos arquivos antigos, você já estará abrindo um novo frasco para embriagar-se com uma nova essência, fragrância e encanto de uma nova droga.
Então você terá uma nova namorada.
Quitéria

Felicidade

Só a leve esperança, em toda a vida,
Disfarça a pena de viver, mais nada!
Nem mais a existência, resumida,
Que uma grande esperança malograda.


O eterno sonho da alma desterrada,
Sonho que a traz ansiosa e embevecida,
É uma hora feliz, sempre adiada.
E que não chega nunca em toda a vida.


Essa felicidade que supomos,
Árvore milagrosa, que sonhamos
Toda arreada de dourados pomos,


Existe, sim!- Mas nós não a alcançamos,
Porque está sempre apenas onde a pomos
E nunca a pomos onde nós estamos.


Vicente de Carvalho


Celebração da fantasia


Celebração da fantasia

Foi na entrada da aldeia de Ollantaytambo, perto de Cuzco. Eu tinha me soltado de um grupo de turistas e estava sozinho, olhando de longe as ruínas de pedra, quando um menino do lugar, esquelético, esfarrapado, chegou perto para me pedir que desse a ele de presente uma caneta. Eu não podia dar a caneta que tinha, porque estava usando-a para fazer sei lá que anotações, mas me ofereci para desenhar um porquinho em sua mão. Subitamente, correu a notícia. E de repente me vi cercado por um enxame de meninos que exigiam, aos berros, que eu desenhasse em suas mãozinhas rachadas de sujeira e frio, pele de couro queimado: havia os que queriam um condor e uma serpente, outros preferiam periquitos ou corujas, e não faltava quem pedisse um fantasma ou um dragão.

E então, no meio daquele alvoroço, um desamparadozinho que não chegava a mais de um metro do chão, mostrou-me um relógio desenhado com tinta negra em seu pulso:

Quem mandou o relógio foi um tio meu, que mora em Lima — disse.

E funciona direito? — perguntei.

Atrasa um pouco — reconheceu.

O Livro dos Abraços – Eduardo Galeano


"O livro dos abraços" ganhou um lugar na minha mesa de cabeceira, onde coloco livros que posso ler aos pedaçinhos, quando não quero me comprometer com longas histórias. Mas desconfio que terei que providenciar uma capa para ele, porque ele também vai estar muitas vezes na minha bolsa, me acompanhando no ônibus, numa sala de espera, em viagens para Garibaldi. Foi o primeiro do Eduardo Galeano que li, mas certamente não será o único."

sexta-feira, 17 de julho de 2009

“Comi uma galinha e paguei o pato”

Fui ao teatro hoje. Identifiquei-me com o nome da peça: Comi uma galinha e paguei o pato.

Não é bem assim, por que nem comi a galinha e estou pagando um pato bem gordo!

Tempo confuso, solitário, perdido e mesmo assim pagando o pato, o mico e mais o que vier.

Senti-me, sem nenhuma pretensão, a autora, produtora e atriz da peça. Que peça!

A peça de uma vida estraçalhada por ter se arriscado, pelas diversas tentativas de fazer diferente e por ainda assim acreditar em gente. Gente que nada! Bicho homem, não o homem do gênero masculino, mas o bicho homem espécie, diferente de animal, racional, ou pelo menos deveria ser…Animal? Quem o é ou deixa de ser?

Nesse mundo caótico em que vivemos, ter valores, querer se autentico, querer somar e não subtrair, querer falar e ouvir a verdade e ser por demais transparente, não é coisa de gente, gente normal quero dizer. Quanto mais dissimulados, desonestos, mentirosos e medíocres formos mais teremos e seremos, dita o ditado, a lição de casa.

Ser ou não ser? …Eis minha questão!

Voltando a peça! Penso que se eu for pressa para pagar um pato que nem comi talvez seja melhor por que assim eu estaria mais aliviada. Ser apaixonada, sonhadora, querer viver um grande amor e querer ser companhia nos dias de hoje é maçada é coisa de maluca e olha que nem bebo, nem tomo rívotril e muito menos faço terapia. Será que eu deveria?

Não posso ser quem quero ser então que venham os patos as galinha e todos os atos para eu pagar a conta, mas depois não vão dizer que sou mal pagadora. Estou tentando! A sociedade moderna, “o governo” que manipula e rouba,as pessoas que agem de má fé e os falsos profetas que me perdoem. Quero que todos vão comer galinhas em outro terreiro, no meu não, por favor, estou cansada!

Quero gente de verdade do meu lado, em frete, atrás, em cima ou em baixo. Seja onde for, quero gente autentica, transparente, destemida e que saiba respeitar a essência e sentimentos alheios. Sonho meu, "sonho meu vai buscar quem mora longe, sonho meu"!!!

Parei , talvez seja pedir de mais.

Eu já pedi o que eu preciso demais.

Espontâneo é melhor, deixa estar!

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Essa é a vida.


Não sei bem o quê, que vida a Vida quer de mim...

Mas sei a vida que eu quero pra mim:

Não quero comprar tijolos para construir.

( também não quero nada que possa ruir...)

Não quero só uma casa, quero só um lar.

Desse lar o aconchego, o sossego, o rir e o sorrir....

e o canto num canto para me emocionar.

Quero ter um bom livro, comprado no sebo.

E também poder escrever um poema, um texto,

num papel azul de céu e dele fazer uma pipa...

e soltar essa minha escrita para voar até o dia

em que aviste um cardume de peixes

que acompanhe e deixe as letras da minha vida

repousarem inertes no mais fundo fundo do oceano.

Quero do meio, o todo. Do pouco, fazer muito ou tudo.

A moda que quebre meu salto...não me importo.

Quero apenas andar de havaianas,

conhecer a graça da arte de graça da praça.

No cinema, a sessão mais barata, meio saco de pipoca e coca...

Teatro mambembe, serenata, boteco, papo ou batucada...

Se um dia houver vinho, bem vindo, pode ser do Porto

( e em porto qualquer, qualquer vinho...)

Quando houver esse porto, quero sentar no cais com velas a me velar,

e a iluminar o navegar e as ondas macias do mar...

Quero encontrar da primeira a última estrela tardia

aquela que resiste a brilhar, quando já brilha o dia,

e que eu lhe dê "boa noite" e ela me dê "bom dia"...

No meu cômodo, de bens vazio, pouco tenha para meu fastio.

Só sonos profundos para sonhar e acordar com o amor

- de tudo o que terei isso será o mais precioso-

e que ele seja a água da minha sede, minha brisa perene,

e me traga sempre nele, primeiro calor e depois o fogo.

Ter uma realidade simples, talvez longa, talvez breve,

Mas sempre leve como uma pena a flutuar.

Que tenha sempre o almoço de domingo,

macarrão ao molho e vinho tinto

e muito tempo pro molho temperar.

É essa, a vida simples que eu quero da vida levar.

Quitéria di Genaro JL