quinta-feira, 28 de abril de 2011

Lesada

Delirando
lesada na vida
vinho é boca
na boca
da garrafa
sem taça
pobre
queijo
provolone
alone ...toda toda sem par...
solitária na vida
não da vida
sai vida
sem grana
sem roupa
sem dono
sem pano
viajando...
que droga... nessa droga
fechei a porta de entrada
na de saída: só sai miséria
entra tudo
o que quiser
pela janela

Quitéria

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Pra que vida?

Não me orgulho
dessa minha existência vã
colapsos do Ser, da Alma
dessa falência da função vital 
então pra quê? Ser só um luto?
Me recuso!


Tenho inveja 
cobiça à vista da felicidade
de todos os amores, dos beijos 
dos devaneios dos incônscios 
e tudo o que lhes vem de bandeja


Fosse eu sabedoria
alguém me amaria?
Ou fosse eu rapariga
ou fosse eu dama fina
não basta ser comum,
não basta ser viva?




Então pra que vida?
 
Quitéria
 Pintura: Pierre Bonnard




 O homem e a mulher

Descansar

Tenho que descansar
Meus pés doem
Minha cabeça dói
Meus olhos estão secos
Meu peito está pressionado
Não consigo respirar direito
Meus pensamentos choram
Vou deixar esta existência pra depois
Essa é minha hora de desistir
Estraguei minha saúde
Desviei meus sonhos
Perdi o rumo
Saí do prumo
Vou existir depois...
Quitéria





A siesta 

terça-feira, 26 de abril de 2011

Santos?

Conheço maus, egoístas, estúpidos, velhacos, desgraçados, indiferentes, mas santos não os conheço, e creio bem que não é espécie oriunda desta terra. 
Florbela de Alma Conceição Espanca 

Desejo

Um dia desses quero ser

uma grande poetisa 


a mulher mais bela


a estrela mais altiva.


JackL

Quimeras



  • E amar ao próximo como a se mesmo, há quem o faça?


  • Anti tudo que não respeita a individualidade...
    Anti-conformiste © Jean Fraipont


  • Na prática a teoria é outra. Quantas frases de efeito sem efeito algum? Todas...ah se fossem colocadas em prática.



      • Jack Ligeiro Aleluia, mais um sábado! No próximo já terão se esquecido deste e nada mudará.
        sábado às 21:02 · 


  • Porque se sabe
    fazer amor, não faz...
    Porque amor
    não se faz, sente.
    JL



      • Jack Ligeiro ‎"Fazer" amor - fácil; deixá-lo fluir- raro.
        22 de abril às 23:28 · 


  • Um fazer nada - fazer tudo que é possível!

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Definitivamente

Pelo presente instrumento particular de decisão

indefiro a vida e sigo só com a poesia.

Por que o sobressalto, pensas que enlouqueci?

Amiúde perscruto as estrelas,

meu futuro é inefável de tanta poesia.


JackLigeiro

Dai-me poesia

Dai-me poesia viva
pra que eu viva

Dai-me sua essência
pra que eu sinta

Dai-me teu coração
pra que eu toque

Viva
Sinta
Toque

Sou sua
em prosa e versos
beba minha essência
toque meu coração

Viva em mim
Vivo!

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Que distância é essa que 
te faz presente o tempo todo?
A distância do pensamento.
A distância nenhuma do pensamento.
JackL
Eu escolho um homem que não duvide de minha coragem, que não me acredite inocente, que tenha a coragem de me tratar como uma mulher. [Anaïs Nin]

Essência X existência

Essência X existência
Existência X essência
Toda profana Ana (qualquer Mulher)
Toda Ser
Toda Ela - Lela (única essa Mulher)
Toda Sua...de veste nua
Nesta entrega - vive viva
Na existência...
Toda essência - sinta!
JackL

Amar Intensamente

De que vale no mundo ser-se inteligente, ser-se artista, ser-se alguém, quando a felicidade é tão simples! Ela existe mais nos seres claros, simples, compreensíveis e por isso a tua noiva de dantes, vale talvez bem mais que a tua noiva de agora, apesar dos versos e de tudo o mais. Ela não seria exigente, eu sou-o muitíssimo. Preciso de toda a vida, de toda a alma, de todos os pensamentos do homem que me tiver. Preciso que ele viva mais da minha vida que da vida dele. Preciso que ele me compreenda, que me adivinhe. A não ser assim, sou criatura para esquecer com a maior das friezas, das crueldades. Eu tenho já feito sofrer tanto! Tenho sido tão má! Tenho feito mal sem me importar porque quando não gosto, sou como as estátuas que são de mármore e não sentem.

Florbela Espanca, in "Correspondência (1920)"

terça-feira, 19 de abril de 2011

És (x) Querida

Ouço sua voz suave,
Mais suave aos meus ouvidos.
Falesou todo ouvido,
Sou respostas.
Eis minha história...conte-me a sua,
Se solte, confie querida.

Vejo-te!
O tremor da carne,
Da inocência, do medo, da ânsia...
Ouço seus desejos reprimidos,
Seus gemidos, seu gozo, gozo, gozo ...
Silêncio querida, só sinta.

Silêncio, silêncio, silêncio.
Querida, por favor, silêncio!
Silencia o coração, os sentimentos,
As alegrias, o choro, os problemas, os defeitos,
Silencia a ansiedade...

Em outro tempo:
Ouvi, falei, senti, procriei, criei,
Aceitei, amei, li, escrevi, errei...
Agora meu ritmo:
Quero silêncio querida.

...
Querida, querida, querida! Fale!
Querida?

JackLigeiro

domingo, 17 de abril de 2011

Entre "aspas".

Estou entre "aspas".
Fora da superficialidade.
A mãe da novidade é efêmera, o pai é fugaz.
Os valores geram filhos: os conflitos, irmãos dos desacordos.
Os sentimentos são amigos, que distastes, deixarão lembranças ou talvez, por muito pouco, se tornarão inimigos.
A palavra ficou fraca; não há força nem no arranjo poético, tampouco em canção.
A rima, a melodia...um dança sem par, sem ritmo, cada qual no seu descompasso.
A harmonia, essa prima pobre, ficou esquecida, ignorada com o tempo. O primo rico - o desentendimento - esse é visitado todos os dias.
Eu entre "aspas", "debaixo do sol não há nenhuma novidade", absolutamente nada fará a diferença neste mundo de "mutantes em ação", sem ação ou com todas as ações e nenhum propósito.
O vazio, a solidão - sementes plantadas a esmo - frutos, ainda que podres, alimento de todos os dias.
Será insuportável? Haverá retorno?
O silêncio é a escolha sábia, a "aspa", pois aqui não há mais a acrescentar.
JackL

Cavalo à solta

"Por ti renego, por ti aceito
Este corcel que não sussego
À desfilada no meu peito
Por isso digo canção castigo
Amêndoa, travo, corpo, alma
Amante, amigo
Por isso canto, por isso digo
Alpendre, casa, cama, arca do meu trigo
Minha alegria, minha amargura
Minha coragem de correr contra a ternura
Minha ousadia, minha aventura"

E nunca te encontrei Na estrada do que fiz

De linho te vesti
De nardos te enfeitei
Amor que nunca vi
Mas sei

Sei dos teus olhos acesos na noite
Sinais de bem despertar
Sei dos teus braços abertos a todos
Que morrem devagar
Sei meu amor inventado um dia
Teu corpo há-de acender
Uma fogueira de sol e de fúria
Que nos verá nascer

Irei beber em ti
O vinho que pisei
O fel do que sofri e dei
Ddei do meu corpo chicote de força
Rasei meus olhos com mágoa
Dei do meu sangue uma espada de raiva
E uma lança de mágoa
Dei do meu sonho uma corda de insónias
Cravei meus braços com setas
Descobri rosas, alarguei cidades
E construí poetas

E nunca te encontrei
Na estrada do que fiz
Amor que não logrei
Mas quis

Sei meu amor inventado que um dia
Teu corpo há-de acender
Uma fogueira de sol e de fúria
Que nos verá nascer


Então:

Nem choros, nem medos, nem uivos, nem gritos,
Nem pedras, nem facas, nem fomes, nem secas,
Nem feras, nem ferros, nem farpas, nem farsas,
Nem forcas, nem cardos, nem dardos, nem terras,
Nem choros, nem medos, nem uivos, nem gritos,
Nem pedras, nem facas, nem fomes, nem secas,
Nem terras, nem ferros, nem farpas, nem farsas
Nem MAL