sábado, 29 de agosto de 2009

Ser Poeta

Por Quitéria di Genaro

Não sei ser Poeta, queria saber ser
Ser Poeta é ruim, é melindroso
Poeta arde de amor, de desejo...

De tanta consciência de sua condição
Morre como jóia de uma só pedra preciosa

Se for assim que morre um Poeta
Não é tão ruim ser um
Quero aprender a ser Poeta
Morrer ardendo de amor, de desejo...
Morrer com essa dor que já conheço.

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

EXCESSO DE AMOR

Por JackLigeiro

Excesso de amor mata o amor

Por zelo há atropelo

Por causa sem nenhuma causa

Exceto fingindo-se descaso

o amor sobreviveria ao acaso...

Dar-lhe-ei meu amor sem alarde

para que ele não morra nem cedo nem tarde.

Vigilia de Amor


MICKA BROWN diz: Qué significa esa campana?
LJ diz: Señal para que las personas permanezcan en vigilia...

LJ diz: Vigilia de Amor

El amor se mantiene de las actitudes de los detalles, de los pequeños detalles que juntos van sumando la calidad del trato y el amor se mantiene alerta y la campana serían los latidos del corazón que van en aumento . . .
El amor siempre está en vigilia, atento al menor llamado de alguién o de algo que quiera compartir la dicha de vivir y de gozar la vida.


quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Futuro



O futuro que vi de relance numa bola de cristal,
de tão brilhante, ofuscou-me.
Então o presságio:
_ Gozarei de satisfação, sorte, ventura, minha fortuna.
Não temerei o futuro é o passado que nos oprimi e mata. JL









A bola de cristal com o esqueleto, Waterhouse

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Entender ou não

Por Quitéria di Genaro

De tão complexo, ultrapassa qualquer entender.

Entender limita, prefiro viver sem fronteiras.

Entender completaria, já me sinto completa.

Entre muitos dons não entender é um.

A loucura de ser inteligente e não entender é como ser louco sem ser.

De tudo só quero entender que não dá pra entender tudo.

Amançar essa inquietação que vem da ansiedade de querer entender.

Entendendo ou não, viver a ilusão de ser seu verdadeiro amor.

Lucidez

Tudo tão claro! Tanta lucidez que nem sei o que fazer com ela.

Tudo tão raro! Todas as novidades que desejo ainda viver.

Tudo tão perfeito! Todos os defeitos que me recuso a ver.

Tudo tão longe! Toda distância que não suporto manter.

Tudo tão insuficiente! Tanta insatisfação que acho já nem sei viver sem ela.

Tudo tão lento! Todos os caminhos que já me apressam e me enchem de expectativa por ainda estarem por trilhar.

Tudo tão avesso! Toda a inquietação do desejo de que tudo não fosse como é.

O que tenho agora, é o desejo de não desejar, é o desejo de me aquietar.

Sentar na varanda (talvez) só com uma laranja, uma rede e um amor para embalar.

Numa ausência de querer, numa plenitude que independeria da vitória,

saciada com qualquer coisa, ou mesmo com nada.

Tudo que tenho é nada além da loucura de querer mudar.

Creio: melhor a loucura dos loucos que o saber dos normais,

Esses normais que não encaram a verdadeira lucidez,

Pois não saberiam o que fazer com ela.

Ela, essa lucidez que teima em fazer temer.

Quitéria di Genaro

Abrigo

Por Quitéria di Genaro

Abrigo

Há um ser que habita em mim como se eu não fosse um ser, e fosse abrigo. Trata-se de um ser forte, um animal selvagem que, apesar da doçura encontrada em seu puro sangue, é indomavél, não aceita rédeas e nem sela. Um animal que cavalga livremente no espaço e no tempo rompendo sem medo as barreiras do vento. Reconheço-o por seu olhar firme e brilhante, não necessáriamente por ter um nome. Ele não se define, nem se limita pela morada que o abriga.

Sinto ardor de dor no peito, quando sem freio, sem cabrestro, ele galopar selvagem e docilmente em busca do que não seja meu ser. Desejoso de afagos e carícias ele eleva o focinho úmido e ofegante, tatiando o vento, para encontrar o sopro de vida em outra vida.

Caso ele venha a encontrar outro abrigo, aviso ao escolhido: não tenha medo, apesar de ser selvagem é suave, eu mesma posso confirmar suas carências. Já penteei sua crina, já senti o palpitar de seu coração num ritmo frenético em busca da emoção. Não tente aprisioná-lo, não tente domá-lo, apenas acaricie seu pêlo e dê a ele o espaço que precisa para sertir-se livre. Alimente-o com o amor: o alimento da alma! Ele comerá em suas mãos a porção do dia-a-dia e isso um dia de cada vez.

Não tente entendê-lo quando, novamente, ele resolver partir, pois não se sabe se é por medo, por cólera ou por prazer.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Encontro

Vou ao seu encontro.

Vou porque acho umas das coisas mais lindas da vida, o encontro: entre amigos, entre amantes, entre irmãos, entre almas gêmeas, entre adversários que se perdoaram, entre... O encontro, um encontro, qualquer encontro, é algo sublime que nos faz sentir vivos, um tipo de beliscão emocional que nos faz sentir um participante ativo dessa estrutura de carbono meio sem sentido que nos rodeia: um passeio em Madri, na Serra do Cipó, em Ipatinga ou Belo Horizonte, mas sempre um encontro, ou esse algo difícil de definir que faça a vida fluir. Somente os vivos o buscam, e alguns, apesar de terem o coração batendo, já desistiram dele e, por isso, perderam o viço e parte da vida.

Vou pelas estrada sinuosa, ouvindo música, pensando em você e nas oportunidades que devemos criar para fazermos jus a esta estadia aqui na terrinha...vou ao seu encontro desvendar o encanto.


Quitéria di Genaro

Somos Nada

Reencuentros



Somos nada

sólo el ala amable del habla somos

nada

en nosotros la llama

a la que ponemos peso y fragua


y de la nada

aparecen los caballos que nombramos

otros nombres dicen por nosotros

otros sueños levantan

en los puentes de la vida diaria


Nada somos

sino el claro vacío de la niebla

por el que viene una silueta

hacia nosotros

con su lenguaje de vida

y sus flores desveladas

poniendo color donde nada había.



José Antonio Aranda

Me Sinto Uma Estrela...

Tenho dó das estrelas
Luzindo há tanto tempo,
Há tanto tempo…
Tenho dó delas.
Não haverá um cansaço
Das coisas,
De todas as coisas
Como das pernas ou de um braço?
Um cansaço de existir,
De ser,
Só de ser,
O ser triste brilhar ou sorrir…
Não haverá, enfim,
Para as coisas que são,
Não a morte, mas sim
Uma outra espécie de fim,
Ou uma grande razão
– Qualquer coisa assim
Como um perdão?

Fernado Pessoa

domingo, 16 de agosto de 2009

A SOMBRA E O HOMEM

Era um homem com sombra de cachorro,que sonhava ter sombra de
cavalo, mas era um homem com sombra de cachorro e isto de algum
modo o incomodava. Por isto aprisionava-se no quarto,
e nas altas horas da noite quando a sombra lhe aparecia, sua alma em pêlo galopava para bem longe.
Outras vezes, era um homem que pensava tão claro que nenhuma dúvida o sombreava.
Era como ele se libertasse sempre ao meio-dia, quando o pensamento é uma mulher
que sombra alguma esconderia.
O problema era à noite quando o escuro mundo o envolvia.
Ele bem que tentava pensar claro, mas algo o incomodava tanto, até que descobriu que a claridade só ganhava sentido quando com a escuridão ele dialogava.
Era um homem que tinha uma sombra brilhante, que de tão intensa ninguém a via.
Mesmo assim ela o seguia e com ele dialogava.
Tinha-se a impressão que uma coisa ausente lhe fazia companhia o duplicava
— quase seu guia. Na verdade ele era a sombra de sua sombra
— a parte da sombra que só ele via.
Mas ele deixou de alimentar a sombra que carregava.
Alegou razões de economia e saúde. Afinal para quê se levar
algo que o duplicava? Sem a sombra pensou ... - melhor carregar o que nele carregava.
Equivocou-se. Definhou. Esfarelou. Descobriu, então, que a sombra o sustentava.
Era pois um homem que seguia a própria sombra, e juntos a tudo resistiam,
- menos às tentações. Já não se sabia se ela é que o guiava ou se ele a perseguia.
Os entendidos sugeriam que a acorrentasse. Ele tentava.
A única hora em que o homem e sua sombra coincidiam, era quando ele dormia.
Mas, pousada nele claramente, sua sombra sonhava.
A sombra não se importou e nem se emocionou.
Afinal, ela não entende nada disto.
Ela não almeja nada, mas no entanto
- conseguirá, no sentir tão solitário de quem nem sabe como materializar o sonho,
as sombras se tocarão, porque a saudade traz a sombra, e a certeza de que nada será esquecido.
Genaro,Quitéria

sábado, 15 de agosto de 2009

Desafio


"O desafio é chegar ao final inteiro
Ter consciência de que as perdas que sofremos ao longo da jornada
São perdas de membros vitais que jamais se recomporão
E ainda assim, ainda que se perca tudo
Não se perder de si mesmo
Pois perdas são conseqüências únicas das expectativas que criamos
Alheios às recomendações do Verbo que feito Carne, alertou
"Maldito seja o homem que confia no homem"
(Centro da bíblia Salmo 118-8)"

Novos repentes virão.

por Quitéria di Genaro

_ Ando firme em meus propósitos. No chão deixo as marcas da realidade vivida e sonho encontrar um amor real para minha vida.

_ O chão é onde voam os que sonham e o céu é onde mora a realidade dos que amam...
Assim é melhor, porque se para um leigo nas letras as palavras não ficam claras o pensamento não assenta, não finca estaca... vaga, e vagando se perde por não saber o que é chão, o que é céu...

_ As letras não são obscuras, não escravizam, por elas lemos as entrelinhas do mundo, com elas faço poesia.

_ Da Leitura: não tenho esse habito, faço por necessidade. Agora ainda mais por necessidade de ler você, na verdade do olhar, do abraço, do carinho...os beijos. Beijos, beijos, beijos, beijos são todos para ti esses beijos.

_ Tantos beijos pra ler, prefiro recebê-los que fazer poesia.

_ Poesia porque não é o desejo real ou confessável e isso foi só um meio poético de agradecer ? Preferiria se o que chamou de poesia fosse a oferta e se também poesia fosse a sua preferência ...decida-se por mim, cara poetisa, sem meias palavras, sem entrelinhas...

_ Para uma poetisa não existe meias palavras, as palavras são sempre inteiras e as entrelinhas são como os vasos onde corre a essência da vida. Assim como não há vida sem sangue, não há vida sem as entrelinhas, não há vida sem poesia. Decidido está: o melhor de tudo serão os beijos que ainda, pela vida, iremos trocar.

Silêncio. Novos repentes virão!

I-Juca Pirama, Gonçalves Dias

_ Por um breve tempo, silêncios que na calada são ditos por dois, há quilômetros, sem palavras...

_Nem milhões de palavras cobririam a distância, não trariam o desejo até

carne...palavras soltas ao vento nelas somos apenas passageiros, certamente palavras fugazes, que trarão no por vir desalento. Sem palavras, fuga da esperança, melhor o silêncio.


_ Palavra, semântica, retórica... para o interpretar preciso, estar dentro é preciso, tem que fazer parte. Se o que se compreende é o que foi dito, valeu a fala, valeu o entendimento; mas como saber se a intensão foi captada? Impossível... Solução: Lidar com as palavras como se fossem obras de arte, abstratas que são, focando a sonoridade, as cores, as vírgulas, as sombras, sem se ater à interpretação... uma obra não se rotula, não se entende, só se aprecia _é ver e calar.

_Mas, (sempre há um mas), pode-se, depois de vê-la ou lê-la, pintar as próprias palavras, numa nova obra de arte pessoal, então aí vai:_O que queres? Expectativas que esfolam e consomem... melhor sem ele, melhor sem elas _viver, fazer, tocar, sentir, deixar, viver.

_ Silêncio por mais um tempo
,

Um satélite, um modem, um site, um atalho... uma picada na mata onde se chega onde não se chegaria, onde se ouve quem não se ouviria, onde se lê o que não se leria... repentes que surgem de repente, entrelinhas que entre as linhas são escritas... e logo depois disso, por um breve tempo, silêncios que na calada são ditos por dois, há quilômetros, sem palavras...

Certamente, novos repentes virão.

Hummm, poderia ser ele ?