quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Abrigo

Por Quitéria di Genaro

Abrigo

Há um ser que habita em mim como se eu não fosse um ser, e fosse abrigo. Trata-se de um ser forte, um animal selvagem que, apesar da doçura encontrada em seu puro sangue, é indomavél, não aceita rédeas e nem sela. Um animal que cavalga livremente no espaço e no tempo rompendo sem medo as barreiras do vento. Reconheço-o por seu olhar firme e brilhante, não necessáriamente por ter um nome. Ele não se define, nem se limita pela morada que o abriga.

Sinto ardor de dor no peito, quando sem freio, sem cabrestro, ele galopar selvagem e docilmente em busca do que não seja meu ser. Desejoso de afagos e carícias ele eleva o focinho úmido e ofegante, tatiando o vento, para encontrar o sopro de vida em outra vida.

Caso ele venha a encontrar outro abrigo, aviso ao escolhido: não tenha medo, apesar de ser selvagem é suave, eu mesma posso confirmar suas carências. Já penteei sua crina, já senti o palpitar de seu coração num ritmo frenético em busca da emoção. Não tente aprisioná-lo, não tente domá-lo, apenas acaricie seu pêlo e dê a ele o espaço que precisa para sertir-se livre. Alimente-o com o amor: o alimento da alma! Ele comerá em suas mãos a porção do dia-a-dia e isso um dia de cada vez.

Não tente entendê-lo quando, novamente, ele resolver partir, pois não se sabe se é por medo, por cólera ou por prazer.

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