quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Lucidez

Tudo tão claro! Tanta lucidez que nem sei o que fazer com ela.

Tudo tão raro! Todas as novidades que desejo ainda viver.

Tudo tão perfeito! Todos os defeitos que me recuso a ver.

Tudo tão longe! Toda distância que não suporto manter.

Tudo tão insuficiente! Tanta insatisfação que acho já nem sei viver sem ela.

Tudo tão lento! Todos os caminhos que já me apressam e me enchem de expectativa por ainda estarem por trilhar.

Tudo tão avesso! Toda a inquietação do desejo de que tudo não fosse como é.

O que tenho agora, é o desejo de não desejar, é o desejo de me aquietar.

Sentar na varanda (talvez) só com uma laranja, uma rede e um amor para embalar.

Numa ausência de querer, numa plenitude que independeria da vitória,

saciada com qualquer coisa, ou mesmo com nada.

Tudo que tenho é nada além da loucura de querer mudar.

Creio: melhor a loucura dos loucos que o saber dos normais,

Esses normais que não encaram a verdadeira lucidez,

Pois não saberiam o que fazer com ela.

Ela, essa lucidez que teima em fazer temer.

Quitéria di Genaro

Nenhum comentário:

Postar um comentário