Do beijo que é só nosso. O abraço, o afago, o carinho se perderão em nossos encontros. A atração, o desejo e o prazer do sexo transformar-se-ão em nossa rotina. A carne virará corpo e o corpo alma, e tudo que era antes uma linha tênue não terá limite, tudo será conveniente e consentido, não haverá desculpas, sono oportuno, cansaço do mundo, nenhuma dissimulação covarde.
Um fio de luz do poente entrará em nosso calabouço subterrâneo, onde as sombras do que fomos estão mescladas com as sombras do que não somos ou do que desejamos ser. A luz iluminará nosso desejo de ver (nos ver).
Reconheceremos as igualdades das diferenças como nos ponteiros do relógio: duas hastes que só funcionam girando no mesmo sentido, solidariamente.
Acharemos nosso viço, nossa bossa, nosso estilo, nossa ginga, nosso timming e nosso time, ganharemos a posse de cada um. Éramos invisíveis, viramos sensíveis. Éramos atores, viramos personagens. Éramos alegoria viramos enredo. Éramos só uma roleta russa, nos tornamos um desafio. Éramos pedreiros do passado, nos tornamos arquitetos do destino. Agora craques, viciados no jogo da paixão pelo outro.
Achamos o pátrio poder de querer amar e ter amor.
JackLigeiro
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