sexta-feira, 16 de abril de 2010

Velha nunca, Idosa, talvez. Senil, jamais.

Não me importo muito como eu venha a ser lembrada. Também não me importo muito, se cedo serei esquecida. Na realidade até prefiro, se fosse assim: esquecida ligeiramente.

Para os que não gostam de mim, ótimo, finalmente não terei mais a energia negativa que eles podem emanar...

Para os indiferentes, melhor ainda, porque não fará diferença pra ninguém.

Para os que gostam de mim, pouco ou muito, ou os apenas simpáticos à minha causa ou à minha saia e bolsa, que bom...não serei motivo de dor ou tristeza por muito tempo.

Se houver inferno e eu lá, poderei enfim comemorar as cagadas todas que fiz e não meus acertos, inclusive esses de navegar muito, escrever meus contos, poemas, sonhos...afinal, o inferno é para os que erraram e então, se errei muito, serei motivo de comemoração. E em sendo inferno e sem nenhum pudor ou moral, a suruba deve ser legal e deve rolar de tudo... Finalmente vou participar de uma sem nenhuma hipocrisia, porque na verdade a maioria das relações humanas, hoje em dia, nada mais são que surubas enrustidas e muitas vezes participamos sem sermos avisados.

Se houver purgatório, aquela zona cinza onde não existe nem castigo nem recompensa, só o quieto limbo, e eu lá, menos mal...poderei ter enfim o silêncio necessário para poder ler um bom livro, ouvir no IPod o Jazz de Diana Krall, Amy Winehouse, Armando Manzanero, Patricia kass e Pink Floyd etc...e quem sabe, escrever as tantas histórias que coletei na minha vida e sempre quis por no papel. Acho que, se não houver um PCzinho por lá, papel e caneta Bic pelo menos vão fornecer, não é mesmo?

Se houver paraíso, e eu lá, considerada finalmente um mulher legal, vou poder encontrar outras mulheres legais como eu, e faremos um grande círculo de amizade e talvez dê pra formar boas duplas para o joguinho de tenis, onde poderei ter a atenções que sempre quis ter de amigas e parceiras de verdade. Com a vantagem que ninguém vai roubar no resultado, não haverá juiz ladrão nem falta pra cartão. Poderemos também jogar poker sem que ninguém nos condene porque somos Mulheres inteligentes, por semos boas em matemática, porque temos intuição, porque sabemos ler os outros e blefamos quando é preciso.

Portanto, não estou vendo muita vantagem em não ser o que eu sou e deixar de ter esse meu estilo. Nem em não fazer o que faço e como faço.

Cheguei num ponto da vida (que considero a metade, pois pretendo ir até os 80 anos só pra ver onde vão colocar tanta velinha), que você já teve bastante tempo pra já ter feito seu próprio Código de Ética, Moral e Costumes.

Resta outra metade da vida, pra você praticá-lo e aprimorá-lo, até incluir algumas emendas, fruto de discussões no plenário da consciência....

Mas já não se muda mais a sua Constituição Própria. Não dá mais quorum pra um plebiscito.

Então, escrever, navegar, sonhar e jogar são necessidades inevitáveis. O trabalho, embora já não obsessiva como fui um dia, é uma necessidade relativa. Melhor seria se fosse um prazer inevitável também.

Mas o trabalho, abençoado quando há, ativa tudo, os sonhos então, tudo ativa, da circulação à emoção e o jogo...ah o jogo! Temos que jogar pra saber...

Por isso adiciono essas atitudes e deleto a idéia ou imagem de envelhecer um dia pela ociosidade e falta de imaginação.
Vivo em plena solitude e não solidão.

Velha nunca, Idosa, talvez. Senil, jamais.

E jovem, sempre! Sonhando e navegando...eternamente!


Jacqueline Ligeiro

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