Todos os presentes que me deste, um dia,
Guardei-os, meu encanto, com apreço,
E quando em meu quarto, solitária
Eu vou falar com eles em segredo...
E falo-lhes d’amores e de ilusões,
Choro e rio com eles, desesperadamente...
Pouco a pouco a esperança de outrora
Flutua em volta deles, docemente...
Pela taça de cristal e longa
Bebo desejos estranhos e vagos,
Uma saudade imensa e infinita
Que, triste, me deslumbra e m’embriaga
O espelho de prata cinzelada,
A minha imagem que eu amava tanto,
Que refletia outrora tantos risos,
E agora reflete apenas pranto,
E o porta retrato de vidro e pedras,
De lágrimas e estrelas constelado,
Resumem em seus brilhos o que tenho
De longe e de feliz no meu passado...
Mas de todos os presentes, o mais raro,
Aquele que mais fala à fantasia,
Em franco de perfume com minha imagem
Sua fragrância, meu desejo desde aquele dia ...
Quitéria di Genaro
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