terça-feira, 18 de setembro de 2012

Amarelinha


Amarelinha é um jogo que tem num extremo um retângulo com o Céu, no outro o Inferno e entre eles, dez quadrados justapostos enfileirados, formando um caminho. No chão da rua riscado a giz, uma pedra tem que ser transportada pelos quadrados, em diferentes níveis de dificuldade, e quase sempre usando um pé só. É preciso ter muito equilíbrio para, a cada lance, não cair e assim não ter que
 retornar ao inferno e recomeçar o jogo do zero.
Poderia ser considerado um jogo meio idiota, mas não é: no mesmo sentido em que exige alguma habilidade física para pular e não cair, reproduz um sentido de que tudo na vida pode mudar repentinamente, dependendo da pedra que se carrega e como ela é recolhida. E nada lhe assegura o fato de que você, em algum momento, mesmo próximo do céu, não tenha que novamente recomeçar tudo de novo. E lá de trás, do inferno.
Eu e as meninas do meu bairro, sempre jogávamos amarelinha. Na realidade continuamos o jogo pela vida e sempre haverá alguém, das mesmas cercanias ou não, que às vezes se unirá a nós para jogar ou para atrapalhar o jogo. “Vida...e a vida o que é meu irmão ?...”.
...(ao fim) Talvez porque a gente muda a vida da gente para ter gente na nossa vida, pensando que a gente gosta, ou achando que essa gente gosta, quer ou precisa da gente. A gente vai se equilibrando, num mundo amarelinho de giz e faz de conta, no tosco quadrado que nos abriga, mantendo a esperança capenga de que algo afinal acontecerá pela sorte do mérito, e nos remeterá a conquista de um céu qualquer esperado. Aquele Paraíso de verdade e definitivo, onde a gente viva com quem AME e mesmo e MUITO a gente. Integralmente.
O que fará toda a diferença do mundo, entre ser feliz ou estar contente.

QdG

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