sexta-feira, 28 de setembro de 2012

O que tem os elevadores?


Chega o elevador e entramos. Estamos sozinhos. De repente, por alguma inexplicável razão, provavelmente por estar tão perto em um lugar tão reduzido, a atmosfera entre nós muda e se carrega de elétrica e excitante antecipação. Acelera-me a respiração e o coração dispara. Ele olha um pouco para mim, com olhos totalmente impenetráveis. Olha-me o lábio.
— Merda a papelada. Encosta-se em mim e me empurra contra a parede do elevador. Antes que me dê conta, me sujeita os dois pulsos com uma mão, levanta-os acima da minha cabeça e me imobiliza contra a parede com os quadris. Minha mãe. Com a outra mão me agarra pelo cabelo, puxa-o para baixo para me levantar o rosto e cola seus lábios aos meus. Quase me faz mal. Gemo o que lhe permite aproveitar a ocasião para colocar a língua e me percorrer a boca com perita perícia. Nunca me beijaram assim. Minha língua acaricia timidamente a sua e se une a uma lenta e erótica dança de sensações, de sacudidas e empurradas. Levanta a mão e me agarra a mandíbula para que não me mova. Estou indefesa, com as mãos unidas acima da cabeça, o rosto preso e seus quadris me imobilizando.
Sinto sua ereção contra meu ventre. Meu deus... Deseja-me, deseja-me, e eu o desejo, aqui... Agora, no elevador.
— É... tão... doce, — ele murmura entrecortadamente.

O elevador se detém, abre-se a porta, e em um abrir e fechar de olhos me solta e se separa de mim. Três homens trajados de ternos nos olham e entram sorridentes. Pulsa-me o coração a toda pressa. Sinto-me como se tivesse subido correndo por um grande morro. Quero me inclinar e me sujeitar às risadas, mas seria muito óbvio.
Eu o olho. Parece absolutamente tranquilo, como se tivesse estado fazendo palavras cruzadas do Seattle Time. Que injusto. Não o afeta o mínimo a minha presença? Olha-me de esguelha e deixa escapar um ligeiro suspiro. Valeu, afeta-o, e a pequena deusa que levo dentro de mim, sacode os quadris e dança um SAMBA para celebrar a vitória. Os homens de negócios descem no primeiro andar.
— Você escovou os dentes — ele fala me olhando fixamente.
— Usei sua escova.
Seus lábios esboçam um meio sorriso.
— Ai, Ana,  o que vou fazer contigo?
As portas se abrem no vestíbulo, agarra-me a mão e sai comigo.
— O que terão os elevadores? — ele murmura para si mesmo.

EM

"Cinquenta tons de cinza"

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